__________________ Passo a postar o artigo em si... !!
António Novais [19-] | AMLLisboeta que é lisboeta já percorreu a Rua Augusta dezenas de vezes ou não fosse esta a rua mais agitada e charmosa da Baixa de Lisboa. Mas esta artéria guarda História e histórias, do século XVIII até ao presente. Vamos descobri-las?
1. Rua da Augusta Figura do Rei !
Tantas vezes já dissemos “Rua Augusta” que nos esquecemos de perguntar a nós mesmos: “Mas afinal, quem é a Augusta?”. Pois bem, o nome completo da Rua Augusta é Rua da Augusta Figura do Rei, uma homenagem ao monarca D. José I, figura retratada na estátua equestre da Praça do Comércio.
Este rei foi também o responsável pela inauguração da prática de atribuição de nomes de ruas por decreto e foi da sua responsabilidade a Portaria de 5 de Novembro de 1760. Nesse documento estabeleceu-se, por um lado, a denominação dos arruamentos da Baixa lisboeta e, por outro, a distribuição dos ofícios e ramos do comércio pelas diferentes ruas da Baixa. Segundo o decreto, a Rua Augusta deveria alojar os mercadores de lã e de seda.
Foto: Domingos Alvão [19–] | AML
2. Fernando Pessoa
Esta artéria primordial da Baixa esteve também ligada à vida do estimado poeta Fernando Pessoa. Entre 1934 e 1935, tinha o escritor 46 anos, a firma “E. Dias Serras, Lda”, também conhecida por “Casa Serras”, terá sido o seu local de trabalho. A empresa, dedicada à “importação e representação”, funcionava no 1º. andar do número 228.
Curioso é que grande parte da vida de Pessoa está ligada a esta zona da cidade: foi, aliás, quando trabalhava na firma “Félix, Valladas & Freitas, Lda”, no nº 42 da Rua da Assunção, que terá conhecido a sua namorada Ophélia Queiroz, o único relacionamento oficial do poeta.
Foto: casafernandopessoa.pt
3. Uma loja centenária
Fundada em 1913 no número 272 da Rua Augusta, a Casa Macário dedica-se ao comércio de bebidas, bombons, cafés, chás e chocolates. Na entrada, uma tabuleta indica “Please Don’t Clean The Bottles” porque, neste espaço, as garrafas querem-se cobertas de pó para comprovar a sua história. É um dos lugares de referência para comprar vinho do Porto na Baixa, assim como produtos regionais e guloseimas. Mesmo à saída da loja, se olhares para o chão vai ter uma surpresa: na calçada portuguesa, lê-se “Café, Chá e Chocolates | 274 – 272“, simbolizando os produtos que ali se vendem e os números de porta que a loja ocupa há já 106 anos.
Fotos: lojascomhistoria.pt
4. Arco da Rua Augusta
Embora tenha sido inaugurado em 1875, o Arco da Rua Augusta foi planeado em 1759 para comemorar a reconstrução pombalina da cidade após o terramoto de 1755. Sim, demorou mais de um século a estar concluído e chegou a ser comparado às obras de Santa Engrácia pelos historiadores da época!
Idealizado pelo arquitecto Eugénio dos Santos, foi Veríssimo José da Costa que acabou por assinar o projecto numa construção que se revelou bastante atribulada. O Arco começou a ser construído em 1775 mas a primeira versão seria demolida em 1777, após a subida ao poder de D. Maria I e a demissão de Marquês de Pombal. Em 1873, retomou-se a edificação do Arco, num projecto de Veríssimo José da Costa aprovado em 1844, tendo ficado as obras concluídas em 1875.
Foto: Wenceslau Cifka [c. 187-] | AML
Para todos aqueles que já se questionaram sobre a inscrição em latim no topo, esta serve de tributo ao Império Português e significa: “Às Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas”. Esta última sigla significa que o Arco foi realizado com dinheiro público, sem interferência de qualquer mecenas — PPD, em latim, simboliza “Pecunia Publica Dedicat“, ou seja, “(Construído) com o Dinheiro do Povo“.
Foto: @yellowsavages5. Casa Africana
Por certo já ouviram ser evocada a expressão “preto da Casa Africana” quando alguém está muito carregado. Embora seja uma expressão claramente racista, a verdade é que a Casa Africana foi um dos estabelecimentos comerciais mais emblemáticos da Rua Augusta — e a sua imagem de marca era, efectivamente, um africano carregadíssimo, que transportava as encomendas e embrulhos dos clientes. Fundada em 1872 na Rua da Vitória, entre os números 33 e 37, a loja foi ampliada no início de 1896, passando a ocupar também os números 152, 154 e 156 da Rua Augusta.
Foto: Restos de ColecçãoEm 1905, a loja mudou novamente de localização para um edifício que dava para a Rua Augusta, para a Rua da Vitória e para a Rua dos Sapateiros. Os anúncios da época diziam que a loja era a que mais barato vendia em Lisboa, dedicando-se ao comércio de confecções, chapéus de senhora, sedas e lãs. Na fachada, permanecia a famosa imagem de marca: o “Preto da Casa Africana”.
A loja fechou portas em definitivo no final da década de 90 do século passado. Actualmente, o mesmo edifício é ocupado pela… Zara.
6. As ruas paralelas e perpendiculares
A Baixa Pombalina, sonhada por Marquês de Pombal, concebeu a Rua Augusta como eixo central de ligação entre a Praça do Comércio e a Praça D. Pedro IV (Rossio). No entanto, são várias as ruas que a cruzam e rodeiam, todas com diferentes graus de importância que podem ser averiguados pela sua largura e pela tipologia dos edifícios.
Foto: @paulo.panopioAs ruas paralelas mais importantes são:
Rua do Ouro, ou Rua Áurea, outrora reservada aos artesãos que trabalhavam este material precioso e aos relojoeiros;
Rua da Prata, antes chamada Rua Bela da Rainha (em homenagem à Rainha D. Mariana Vitória, casada com D. José I), que albergava os ourives da prata e livreiros;
Rua dos Fanqueiros, anterior Rua Nova da Princesa, dedicada aos comerciantes de fancaria (comércio de tecidos), lençaria e quinquilharia.
Existem ainda outras três ruas paralelas à Rua Augusta mas, por serem de menor importância e dimensão, receberam nomes de profissões menos nobres: Rua dos Sapateiros, Rua dos Correeiros e Rua dos Douradores.
Todas a artérias transversais têm nomes de índole religiosa: a primeira a contar do Rossio é a Rua de Santa Justa, depois Assunção, Vitória, São Nicolau, Conceição, São Julião e Rua do Comércio, noutros tempos Rua Nova D’El Rei cujo nome foi alterado em 1910 com a Implantação da República.
Fonte: By Inês Santos
Foto de capa: António Novais [19-] | AML
Tags: Arco da Rua Augusta,Baixa,Casa Africana,Casa MacáriomCuriosidades, Fernando Pessoa.
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Nota Pessoal: Obrigada por este trabalho que muito me honra divulgar, neste meu humilde espaço, onde gosto de "mostrar" o que para mim, reputo de interessante, quer seja de minha autoria ou de outrém (como este artigo).
Oxalá seja igualmente algo de interesse para mais alguém.
Não terá sido uma perda de tempo, nem umas horas de "trabalho" em vão, pela minha parte e especialmente da autora do conteúdo.
®M.Cabral 📖