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MAROUSSIA

Um pouco de mim... Apenas "alguém", que Escreve sobre o que pensa ser "interessante", o que sente e gosta !!

MAROUSSIA

Um pouco de mim... Apenas "alguém", que Escreve sobre o que pensa ser "interessante", o que sente e gosta !!

04.04.25

Maria - Memórias de uma Vida (conto)


Maroussia

Historia Maria 00000.jpg

As horas passavam e nem Tia nem Sobrinho, de tão entusiasmados que estavam com a conversa, deram pelo tempo passar.

Maria neste entretanto, deitou mãos ao trabalho. Foi retirando todas as coisas que estavam na mesa de refeições, voltar a colocar a sala como por costume está, arrumada, com tudo no seu lugar, nem que seja por mais uma semana.
Depois de levar tudo para a cozinha, havia que tratar do que tinha sobrado. Colocar tudo em caixas bem acondicionadas. Guardar no frigorífico, porque seriam para a Augusta levar para sua casa.
Tratar das louças, e deixar a cozinha mais ou menos num estado limpo e asseada. Ficou a "boleira" em cima da mesa, porque as crianças ainda lanchavam, bem como a minha Sra. e o Sr. Engº.
Maria, "deita" mãos ao serviço já para ela habitual, e como num passo de magia, num curto espaço de tempo (cerca de 1,30 ou 2,00 hrs), estava tudo arrumado.
As 17,00 hrs estavam quase a "entrar", e assim Maria dirigiu-se à salinha onde estavam Tia e sobrinho a conversar, e pedindo licença a ambos, pergunta:

Minha Sra. venho saber o que vos posso trazer para lancharem ? Os meninos já tratei deles, levei-lhes bolo e sumo de laranja, foi a pedido,  ao escritório onde estavam entretidos a jogar.
Então o que vos posso servir ?
Esta Maria não pára, penso que está "cronometrada" diz a Sra, com um sorriso bem rasgado. Os três  riram-se com vontade.
A Sra. responde, olha minha querida, para mim apenas um cházinho de camomila e uma torrada com pouca manteiga, tu sabes e sorriu.
Olhando para o Sr. Engº. pergunta: e tu meu querido, o que queres tomar ? ao que o sobrinho responde: Minha querida Tia, eu aceito um café e um copo de água. Almocei muito bem como sempre, e fiquei de ir com os filhotes ao cinema á ultima sessão da tarde,  depois iremos petiscar qualquer coisa, com certeza menos saudável do que o normal, mas é de vez em quando, disse com um ar, agradavelmente "contemporizador ".
Maria saiu, e poucos minutos depois, estavam servidos. Entretanto Afonso, em quase fim de conversação, agradece a sua Tia todos os "conselhos" que lhe tinham sido dados.
Estava feliz com o apoio da Tia, pelo seu início de "relacionamento" com a Francisca, mas sobretudo tinha de colocar os seus filhos - a par - do que se estava a passar, porque a opinião deles era a mais importante. Em todos os pormenores, Tia e sobrinho estavam em total  concordância. 
Então com a sua  licença, vou avisar os meus "rapazes", para se preparem, e virem despedir-se da Tia, disse ao mesmo tempo que se levantava.
Espera querido, diz-lhe a Sra. e continuando, deixa bem clara a sua intenção.
Quando entenderes que está no tempo certo, quero muito que tragas a Francisca para um dos nossos almoços. Não há pressas, tudo tem o seu momento certo. 
Tudo começa pelo "início" e depois o Tempo fará o seu "papel", nada acontece por acaso.
Obrigado Tia, será um gosto e sim, sem duvida alguma que o farei na altura certa.
Vai lá meu querido, e ao mesmo tempo que dizia isto, já vinham os "rapazes" felizes e contentes, para abraçar a tia, em modo de  despedida.
Maria.. sabia que se íam embora,  foi até a porta para a abrir, e fazer o cumprimento de despedida, embora todos fossem uns amores e ela recebesse um abraço dos três.
Fechou a porta, e dirigiu-se à sala para levantar as chávenas, mas a mão da sua Sra. impediu esse afazer, ao mesmo tempo que lhe dizia: Senta-te aqui minha querida, vamos tomar um cházinho as duas, que deves estar arrasada.
Tenho muito gosto em fazer-lhe companhia, é sempre uma honra para mim, e creia minha Sra. que nem sinto o cansaço, sabe que os sábados para mim são muito importantes, como sempre foram e hão-de ser até que Deus o permita.
- Sabes Maria eu hoje estou muito feliz, falámos sobre algo muito importante para o menino Afonso. Parece que está interessado depois de tantos anos sofridos, e só com os meninos, numa relação séria, com uma pessoa com valores e interessante. Foram colegas no Instituto de Engenharia.
Maria agradeceu à sua Sra. aquela partilha, dizendo o quanto estava feliz, e nos seus olhitos "bailava" uma lagrimita de alegria. Adorava aquela família, e realmente tinha muita sorte de poder "servir" a pessoa que ela mais admirava desde criança, a Sra. D. Constança.
Minha Sra, quer uma sopinha leve,  para o jantar ? Pergunta Maria, ao que a Sra responde:
Maria, agradeço o teu cuidado, mas almocei muito bem o arroz de pato estava uma delícia.  Agora a esta hora, com as torradas e o chá de há pouco, mais este chazinho que tomámos juntas, estou satisfeita, mais tarde ao deitar já sei que vais levar-me como fazes sempre, um leitinho para ajudar-me a dormir melhor,  o teu miminho habitual, diz-lhe sorrindo. 
Talvez vá tocar um pouco piano,  ou ler um livro, sinto-me bem assim, serena e feliz. E tu minha "menina", vais descansar que por hoje já chega. Vai para onde te apetecer, para o teu quarto ou onde queiras ir ou estar, desde que estejas bem.
Eu vou então minha Sra. mas a "sineta" que esteja sempre perto da sua mão, para quando  necessitar da minha pessoa. 
Com a sua licença,  vou mas, estou cá em casa.

Maria sai, dizendo até já minha Sra. com um sorriso carinhoso, pelo qual foi correspondida.

Amanhã é outro dia...

Continua ...

®M. Cabral  (in -  "Conto de ficção" ) Parte 5

 

 

 

21.03.25

Maria - Memórias de uma Vida (conto)


Maroussia

Historia Maria 00000.jpg

Sábado, 12,00 hrs. A campainha da porta repete-se por 3 vezes, sinal que é de "casa". Ouço a chave "girar" do lado de fora, e de seguida e os passos do Sr. Engº Afonso e da sua prole, o menino Dinis de 15 anos, e o Felipe de 10.
Com eles Maria está dispensada de formalidades, daí não os ter ido receber, e assim seguem directos à sala, para os devidos cumprimentos à Sra.
Não demoraram 5 minutos, para entrarem na cozinha, e depois dos cumprimentos como sempre faziam, sem cerimónias, o menino Afonso, (melhor escrevendo) Sr. Engº. Afonso, com um sorriso "maroto" olhando para os seus meninos, diz sorridente : Este cheirinho até abre o apetite a quem não o tem, e é coisa que não nos falta, mais ainda aos sábados,  porque será ?
Claro que foi uma risada entre todos.
Só espero que esteja tudo ao vosso gosto, porque foi feito com muito amor e carinho, para mais uma refeição especial de família, responde Maria com um sorriso.
Os meninos têm o vosso bolo preferido de sobremesa, já há algum tempo que não o fazia. Agora façam o favor de se prepararem para ir para a mesa, que vou servir o almoço, está na hora.
Os "Meninos" dirigiram-se à sala das refeições, para ocuparem os seus lugares, com a Sra. à "cabeceira" da mesa, como foi sempre seu hábito.
Entretanto Maria, na cozinha,  compunha a Terrina da sopa, e as travessas de modo a começar o serviço que lhe competia e ela tanto gostava.
Espero que gostem e muito bom apetite, disse antes de sair e voltar para a cozinha. Pouco Falavam enquanto comiam, deixavam para depois as conversas, quando passavam para a sala onde o Sr. Engº tomava o seu café com o seu cognac francês, em balão aquecido, como gostava. A Sra. era o mesmo de sempre, um cházinho de cidreira, sempre foi assim depois das refeições.
E assim aconteceu, depois de se dirigirem à sala após a refeição, os meninos Diniz e Felipe, foram para o antigo escritório do pai, onde estavam computadores e jogos. Não só para estarem entretidos, porque no jardim estava frio mas, também porque o papá queria ficar a sós com a Tia Constança.
Depois de se "situarem", como estavam, a nível de saúde , profissionalmente, os meninos nas escolas, o Sr. Engº com um sorriso terno, diz a sua Tia, que precisava dos seus sábios e acarinhados conselhos, para uma decisão a tomar.
A Sra. responde-lhe prontamente: Meu querido, estarei sempre aqui para o que precisares, mas, fala depressa que está a deixar-me inquieta. Passa-se alguma coisa de grave contigo ou com os meninos ?
Por favor minha Tia, aquiete o seu coração, que nada de mal se passa connosco, mas tem alguma certa "gravidade" para mim, disse com um sorriso, num semblante entristecido.
Conta-me tudo o que se passa, só assim saberei o conselho a dar-te mas, com um sorriso meio desconfiado, não sei se estarei à altura dessa decisão.
Mas conta, conta lá tudo, podes começar, disse sorrindo.
Pois então, lá vai, minha querida Tia, sabe como eu amava e ainda amo, a Luizinha, e que estes 8 anos, nunca olhei para outra mulher ...
Claro que sei meu querido, todos os dias rezo pela sua Alma, e que apesar de estar em bom lugar, onde já não sofre, jamais, por qualquer pessoa que com ela privou, será esquecida.
Muito menos por ti, um amor desde crianças e como tenho vistos poucos. Assisti ao teu sofrimento, a uma dor imensa, que te corroía o coração todos os dias, mas tinhas de ser forte pelos meninos.
Sempre fiz o que podia mas, tudo isso para mim era pouco, tinhas ainda os teus pais e aos poucos, como nada podemos fazer, temos de nos render à evidência, do que todos temos como a única certeza, na vida.
Estiveste no fundo, temi por ti, mas alguém esteja onde estiver, te protege. Com um abraço forte e os olhos marejados de lágrimas de saudade... Acalmaram aquele momento de dor e emoção sentida.
Então meu querido Menino "grande, diz-me o que te preocupa ? Embora eu quase que sou capaz de fazer uma ideia. Vá lá "desembucha" que é melhor, diz-lhe a Tia sorrindo.
Ora vamos lá minha Tia... Aqui este "menino" sem saber como,  foi encontrar uma colega do 1º ano da Faculdade, num evento de uma das empresas com quem trabalho, algo que jamais me passaria pelo pensamento, o certo é que aconteceu.
De início, pensei que conhecia aquela pessoa, mas não conseguia recordar de onde, apenas aquele rosto era de alguém que eu já tinha visto.
Num intervalo para um café, foi ela mesmo que estando a meu lado, no balcão, me pergunta se eu não tinha andado no IST em Lisboa. Claro que respondi afirmativamente e olhando-a bem porque estava frente a frente, reconheci aquele rosto e perguntei se ela se recordava de mim após tantos anos, ao que ela assentiu e inclusive disse: Recordo sim... Afonso se não estou enganada, enquanto deixava escapar um sorriso.
Realmente sou o Afonso, respondi e não é nada abonatório de minha parte eu não me recordar do teu nome, embora o teu rosto, não seja  de todo indiferente... Ao que ela me responde eu sou a Francisca, e fomos colegas de turma.  Segui engenharia e tu?
Agora que me dizes o nome, lembro que havia uma Francisca na minha turma, por sinal uma jovem muito bonita, algo que posso constactar que não mudou nada. 
Mais um pouco de conversa informal, sobre casamentos e ambos estávamos livres eu por uma "perda" dolorosa, ela por um divórcio, que por vezes também não é fácil. 
Trocámos nrs de contacto, e temos enviado algumas mensagens mutuamente. Em boa verdade, estou a sentir-me bem com esta situação. Quero conhecê-la melhor... sem pressas. 
Eis o "imbróglio" no bom sentido em que estou metido.
A Tia olhava sorridente para aquele Menino Grande, que estava tão confuso, que foi procurar, aconselhamento junto de quem para ele, era a pessoa que mais o poderia ajudar, e com isso sentiu um grande orgulho, pela demonstração de confiança, e amor dada. 

continua...

®M. Cabral  (in -  "Conto de ficção" ) Parte 4