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Narrativa do Dia - " Uma Lição de Vida...!! "
Do portal da minha casa, avistei ainda ao longe, duas crianças. Uma delas talvez com os seus quinze anos, a outra de tenra idade.
À medida que se iam aproximando, apercebi-me que a mais crescidinha deu uma palmada na mais pequenina.
Como adoro crianças e achei um pouco imatura aquela palmada, dada talvez impulsivamente, dirigi-me à rapariga e disse-lhe em tom maternal, que não devia de bater assim no irmãozinho, pois que ainda era pequenino.
Educadamente, talvez por reconhecer que a minha intromissão não era de censura maldosa, mas mais de conselho e experiência, respondeu-me sorrindo. Este menino não é meu irmão, é sim meu filho e, pode crer que é aquilo que eu mais adoro na vida.
Um pouco apanhada de surpresa, pedi-lhe desculpa e ainda intrigada atrevi-me a perguntar-lhe quantos anos tinha. Disse-me com um ar de mulherzinha, já tenho dezassete anos, embora pareça ser mais nova.
Encetámos conversa, onde comentei que ela tinha sido mãe muito cedo e, por curiosidade perguntei que idade tinha o namorado.
O seu rosto de criança, feita mulher à pressa, entristeceu um pouco mas respondeu-me com veemência: não tenho namorado, este menino é só e apenas meu.
Perguntei então, antevendo a resposta, se o pai da criança não tinha meios económicos para compartilhar no seu sustento.
Neste entretanto, fiz-lhe um convite para um café que ela aceitou e começámos a conversar, como se fossemos amigas de longa data.
Talvez por carência afectiva ou necessidade de desabafar, relatou-me então a sua história.
Engravidou aos catorze anos de um homem casado que tão covardemente não quis assumir o acto que impunemente tinha feito, antes pelo contrário, tentou aliciá-la para que fizesse um aborto, mas ela criança (mulher), recusou com todas as forças de quem já se sentia mãe. A partir daquele momento nunca mais quis ver aquele monstro em formato de homem.
Recorreu-se dos pais, julgando encontrar neles a força e apoio, para os momentos duros que se anteviam.
Mas, nem aí a sorte lhe foi favorável, pois ao contrário do que ela pensava, aqueles pais tinham um cérebro onde imperava a estupidez e o desamor, e o desenlace deu-se, com a sua expulsão de casa.
Encontrou refúgio em casa de uma senhora idosa, sua amiga que, para além de a acolher ainda lhe arranjou emprego, pelo que dá graças a Deus por aquela amizade que, todavia se completa pela necessidade que têm uma da outra.
Nasceu o menino e foi uma felicidade para ambas e aquela criança tem o amor de duas pessoas maravilhosas, o da mãe e o da "vovó", que é assim que o menino chama a "velha" senhora.
Comovida, pois também sou mãe, disse-lhe que lamentava que uma pessoa doce e tão jovem, fosse assim precocemente infeliz.
De imediato me respondeu que, de infeliz não tinha nada, antes pelo contrário, pois tinha saúde, juventude, um tecto para morar, emprego e a maior razão de viver que era aquele filho que tanto amava. Tinha portanto a maior felicidade do Mundo.
Coloquei-me ao seu dispor, para sempre que precisasse de algo ou simplesmente de um ombro amigo e, seguimos os nossos caminhos.
Ao regressar a casa, pensava comigo mesma. Como há gente tão mesquinha, que se julga infeliz só porque não pode comprar um vestido novo ou o carro do ano.
Pobres patetas, os que não vêm que a verdadeira felicidade está, em nos contentarmos com as pequenas mas importantes, coisas da vida, tais como, um emprego, saúde, um tecto para morar, a amizade de alguém e sem dúvida o mais importante, um filho.
Ninharias... pensarão os que não compreendem o sentido desta lição de vida, que nos é dada por uma criança, feita mulher !!
autoria de__ M.Cabral_pt®
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