31.08.24
Traição interior...e a força do imaginário...!!
Maroussia
Passei a Vida a "trair-me". Talvez seja difícil de entender, porque temos de passar pelos factos para que tal aconteça.
Aprendi em criança a viver do "imaginário", desde ter um pai "presente", tão ausente, que mal o conhecia, aos brinquedos que nunca tive e até os amigos eram "processados" pela minha mente.
Não me lembro de ter "crescido", como se não tivesse passado pelas fases de uma vivência normal. Penso que já nasci "velha".
Por caminhos de escombros, "Alguém" me encaminhava pelo lado certo, porque apesar de tantos "trambolhões" onde as feridas deitavam sangue, abriam e fechavam por fora e por "dentro", eu levantava-me sempre só, e mesmo sofrida, nunca escolhi o caminho "fácil".
Sem saber como, porque tudo aprendi sózinha, tinha valores que me vinham de dentro, e dos "quadros" de vidas que ía observando.
Aprendi a distinguir o Mal do Bem, algo que dura até hoje.
Tinha uma grande amiga, com quem ainda hoje mantenho uma relação muito forte, o nome dela era e é... Solidão !
Tenho família, filhas, netos e até marido, mas... na minha imaginação eu queria um "companheiro", e filhos de quem eu pudesse "usufruir" quando pudesse e quisesse.
Os filhos cresceram - cada um com as suas vidas - tal como a Mãe "progenitora" , que dá sempre "jeito" ter por perto... just in case !
E continuo assim a "trair-me", embora de outro modo, mas sempre amparada pela minha amiga de uma Vida ou seja, a Solidão, que vive dentro de mim.
Não me estou a vitimizar, porque muito boa "gente", tem a vida que tem e... a que - mostra - . Assim sendo e por ter essa "quase" certeza, sei que não sou modelo único.
E apercebi-me ainda mais de tudo isto, aquando "minha" entrada nas redes sociais e no voluntariado. Numa grande parte dos "arcos-iris", que são apresentados coloridos... existem muitos "cinzentos", como é a cor do meu...!!
A vida nunca me prometeu que iria ser justa... e acredito sem dúvida alguma, que a "minha" família, gosta de mim e até me socorre - se eu pedir - mas... no meu "imaginário", eu não teria necessidade de pedir nada, e passe a redudância, reforço, - no meu "imaginário" - porque a mim nunca alguém me pediria fosse o que fosse... estaria e estou, sempre atenta.
Espero que neste momento, já entendam o porquê deste meu... trair-me. Isto é 0,05% da minha "existência", porque se mais escrevesse, iria "trair" o pacto que tenho com "ela".
Há dias mais difíceis, ultimamente tenho tido muitos, e precisava de desabafar. Amanhã, quiçá... eu seja bafejada por um "arco-iris" com algumas nuances de cor.
Carpe Diem !!
®M.Cabral ( in "confissões incomuns")