Era Natal mas a pequenita Maria nem sabia...! 

Desde de tenra idade que a nossa Maria, nunca tinha visto em casa de sua "ama" a pessoa com quem foi criada, algo que indiciasse que era Natal, portanto não havia o "saber " do que representava essa data.

Sua mãe, "abandonada" pelo marido, teve de trabalhar como serviçal, para pagar à ama o seu sustento e como tal, só estava com a Maria de 15 em 15 dias, um domingo, e o seu Natal era passado a "servir" os Senhores para quem trabalhava, nunca poderia estar com ela. 

Por volta dos 6 anos a Maria, fez-se "adulta", quase como num conto de fadas. Aprendeu a ler e a escrever, sózinha, começando a conhecer as letras e números, através de revistas velhas que lhe davam para seu entretenimento  (brinquedos não haviam), e depois rabiscava as letras na terra com um pau, e mais tarde ía tentando ler, conforme lhe "soavam" as palavras que ouvia através de um velho rádio.

Assim,  mais na rua do que em casa, foi crescendo, mas com um sentido apurado e atento para o que a rodeava. Só teve a noção do que era o Natal, quando entrou para a escola, onde tinha aulas de catecismo. 

Um dia, sua madrinha que trabalhava numa Companhia de Navegação, conseguiu inscrever a Maria (como se fosse filha) para receber a prenda de Natal, todos os anos. 

O que jamais a Maria esqueceu ,  com  6 anos feitos,  foi a primeira vez que recebeu um presente de Natal. Uma saia de xadrez, uma camisola vermelha de lã (que picava) e uns sapatos que lhe "roíam" os pés, acompanhados de um Pai Natal de chocolate.

Estoicamente aguentava os sapatos, (com umas peúgas eram mais suportáveis) e usava por debaixo da camisola vemelha, uma outra mais fininha e gasta mas que impedia aquela sensação de "picanço". Mas era Natal !

Afinal era bom o Natal, e melhor ainda receber um presente, mas durava só um dia, depois tudo voltava ao mesmo.

O tempo passou, porque as coisas más também fazem parte do tempo, vão acabando aos poucos (embora fiquem memorizadas para sempre) e... sem mais longos "entretantos", a Maria fez-se mulher.

Hoje, tem uma Família Feliz e que sempre soube o que é o Natal, com toda a sua magia. Árvore de Natal, Presépio, presentes e sobretudo muito amor numa família em união.

É esta a melhor maneira de acabar este pseudo-conto de Natal. Porque os Contos, principalmente os de Natal, têm sempre um "happy end".

Vitória, vitória... e assim acaba a História !

FIM 

(autoria) M.Cabral - Maroussia
Um conto real... antes fosse ficção !